Comissão aprova projeto que prevê avanços na pesquisa científica brasileira

Parecer da relatora Mara Gabrilli foi aprovado por unanimidade. Antes de ser enviado ao Senado, PL passará por mais três comissões na Câmara

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (26/3), por unanimidade, o parecer da relatora Mara Gabrilli para o PL 4.411/12, que desburocratiza a importação de insumos e materiais para pesquisa científica no Brasil.

Mara Gabrilli destacou que centenas de pesquisadores em todo o Brasil enfrentam dificuldades para dar prosseguimento a seus estudos. “O principal empecilho ao avanço da pesquisa no Brasil não é a falta de verba ou de capacidade de trabalho, mas sim a burocracia na importação de equipamentos, reagentes e outros itens essenciais para a prática científica no país”, afirmou. Na opinião da deputada a medida aproximará o Brasil dos países mais desenvolvidos em ciência. “Enquanto em outros países os insumos são encomendados por telefone e chegam por correio expresso no dia seguinte, no Brasil o material importado pode levar até mais de um ano para chegar aos laboratórios nacionais”, completa.

De acordo com a proposta, o desembaraço aduaneiro de importação de bens que existe hoje seria processado através da simples assinatura de dois termos de liberação, sendo que a aplicação de procedimentos de conferência física ou documental seria efetuada somente se identificada irregularidade na importação. Prevê, ainda, a responsabilização civil e criminal do pesquisador pelos danos eventualmente causados à saúde individual ou coletiva e ao meio ambiente, decorrentes de alteração da finalidade do uso declarada.

Segundo o deputado Romário, autor do projeto, 76% dos cientistas brasileiros já perderam material científico na alfândega, 99% resolveram mudar os rumos de suas pesquisas em virtude das dificuldades para importar os regentes necessários, enquanto 92% têm de esperar no mínimo um mês pela chegada do reagente. “Infelizmente, o atual cenário provoca uma perda na competitividade do pesquisador nacional e que, consequentemente, propicia a evasão de cérebros”, afirma.

Mara Gabrilli, que é tetraplégica e fundadora de uma ONG que apoia a pesquisa científica, garante também que mudar a legislação é um ato em nome da vida: “Diversas doenças ainda tidas como incuráveis são alvos de importantes pesquisas pelo mundo. Alguns resultados têm sido promissores e representam esperança para milhares de pessoas. O Brasil e seu corpo científico, competente e empenhado, não podem ser tolhidos do avanço”, afirma.

Na opinião da geneticista Mayana Zatz, para que o Brasil tenha uma ciência competitiva é necessário agilidade nas importações: “Ciência sem fronteiras requer importações sem fronteiras. Se esta Lei for aprovada, com os mesmos recursos poderemos fazer muito mais. O Brasil precisa acreditar e confiar nos seus cientistas”.

O projeto segue agora para as Comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Se for aprovado também nessas três comissões, seguirá ao Senado.

Assista a leitura do relatório da deputada Mara Gabrilli: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=pN-xX9RU6p8

Para ter acesso ao conteúdo completo do parecer da deputada Mara Gabrilli acesse o link http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=DE2A7EAB28E56693205A1742AC24ADD7.proposicoesWeb1?codteor=1231882&filename=Tramitacao-PL+4411/2012

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