Acessibilidade no Senado Federal se torna case de projeto na ONU

Após a vitória expressiva da senadora Mara Gabrilli, que no mês passado foi reeleita perita no CRPD, o Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a parlamentar, que é tetraplégica, vem articulando junto aos arquitetos e engenheiros da SINFRA (Secretaria de Infraestrutura do Senado) e a DGER (Assessoria Internacional da Diretoria Geral do Senado) para implantar acessibilidade nas sessões do Sistema ONU, o que inclui o acesso ao púlpito da Assembleia Geral, onde cadeirantes só podem discursar do chão.

A ideia de Gabrilli é que a Organização das Nações Unidas se espelhe na reforma realizada no Senado, que após sua eleição passou por uma ampla transformação. Hoje, a Casa conta com acessibilidade tanto nas salas de comissão quanto no Plenário, processo semelhante ao ocorrido na Câmara quando a senadora, que é tetraplégica, era deputada federal. “Levamos marreta por onde passamos e hoje o Congresso está acessível para todo e qualquer cidadão com deficiência. Nada mais justo levarmos esse exemplo à ONU, a incubadora dos direitos humanos no mundo”, afirmou Mara.

Para inspirar e orientar a administração do prédio da Organização das Nações Unidas, a assessoria da Senadora Mara Gabrilli se reuniu na manhã desta segunda-feira (15) com o Chefe de Engenharia da Sede nas Nações Unidas, em Nova York, Claudio Santangelo. O objetivo do encontro foi apresentar a experiência exitosa de implantação de acessibilidade no edifício e instalações do Senado Federal. Na ocasião, os profissionais da SINFRA mostraram a engenharia estrutural do Palácio do Congresso Nacional projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, entre 1957 e 1960, bem como apresentaram todos os estudos e trabalhos realizados pela equipe da SINFRA desde 2006 para tornar o Plenário do Senado Federal acessível.

Desde a primeira proposta apresentada em 2006 pelo escritório de Oscar Niemeyer, até a entrega do Plenário acessível, em 2019, primeiro ano de mandato da Senadora Mara Gabrilli, a equipe da SINFRA realizou inúmeros estudos e diversos testes até garantir plena acessibilidade com o mínimo de intervenção possível, garantindo a preservação da originalidade do edifício tombado pela Unesco.

Para Santangelo, a apresentação da SINFRA abrirá a mente dos arquitetos da ONU para novas possibilidades e soluções de acessibilidade. Ele ainda convidou os funcionários da SINFRA para conhecerem a sede da ONU quando estiverem em Nova Iorque e afirmou que quando tiver a oportunidade de vir ao Brasil gostaria de conhecer Congresso. Segundo ele, as novas modificações de acessibilidade na ONU ficarão prontas nas próximas semanas.

Primeiras movimentações

O primeiro contato com a administração responsável pelo prédio da sede da ONU aconteceu no mês passado durante a 17ª COSP (Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência). Na oportunidade, a delegação brasileira encaminhou um ofício à Secretaria-Geral das Nações Unidas apontando a falta de acessibilidade para cadeirantes proferirem os seus discursos do púlpito. Desde então, as equipes da senadora Mara Gabrilli, do Senado e da ONU vêm realizando reuniões para tratar o assunto.

“Nas reuniões que realizei durante o meu processo eleitoral, em Nova Iorque, conversei com diplomatas de 76 países a respeito da importância de trabalhar por essa acessibilidade plena na ONU. Nesse sentido, o Brasil tem muito a agregar. Nós já superamos dois desafios, que foram acessibilizar Câmara e Senado Federal. Além disso, é muito simbólico o fato do prédio da ONU em Nova Iorque, sua Assembleia Geral e o Palácio do nosso Congresso Nacional terem sido projetados pelo mesmo arquiteto: Oscar Niemeyer”, enfatizou a senadora.

 

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