Legado das Paralímpiadas: Mara Gabrilli se reúne com vice-prefeita de Paris responsável pela implantação de acessibilidade na capital francesa

Na foto Mara posa ai lado da Vice-Prefeita de Paris

Convidada pelo CPB para acompanhar a abertura dos Jogos, senadora realizou reunião para conhecer as práticas adotadas pela Prefeitura de Paris para tornar a cidade e os serviços acessíveis

Na última semana, em missão oficial representando o Senado Federal, Mara Gabrilli (PSD/SP), que também é fundadora de organização que apoia o paradesporto de alto rendimento, marcou presença na abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris e aproveitou a oportunidade para se reunir na quinta-feira (29) com a vice-prefeita Lamia El Aaraje, responsável pelas ações que garantiram acessibilidade na capital da França.

Para a senadora, eventos como as Paralimpíadas ultrapassam os benefícios do esporte e são referências importantes para pensar em políticas públicas, pauta que ela levou à reunião com a vice-prefeita de Paris.

“Foi um encontro muito produtivo com trocas enriquecedoras sobre ações que garantem a plena participação das pessoas com deficiência nas cidades e nos serviços. A Lamia é super engajada e ficou empolgada quando mostrei toda a reforma que conseguimos com minha passagem pela Prefeitura, Câmaras Municipal e Federal e também no Senado, para garantir que pessoas com deficiência tenham acesso a todo e qualquer espaço em nosso Congresso, iniciativa que ela pretende trabalhar nas edificações da municipalidade de Paris”, afirmou a senadora.

A capital francesa investiu mais de 125 milhões de euros (cerca de R$ 780 milhões) em ações inclusivas. De acordo com a pasta, foram criadas 17 zonas de acessibilidade em bairros da capital francesa, com instalações públicas e comércios adaptados com rampas, piso tátil e vagas reservadas para pessoas com deficiência nos estacionamentos.

Com relação ao transporte, um investimento de aproximadamente 22 milhões de euros (cerca de R$137 milhões), ao longo de dois anos, conseguiu tornar mais de 95% da frota de ônibus de Paris acessível. O maior desafio segue na implantação de acessibilidade no sistema de metrô parisiense, um dos mais antigos do mundo. Hoje, apenas 10% das estações de metrô de Paris são acessíveis.

Na foto Mara esta conversando com a Vice-Prefeita de Paris sobre acessibilidade na cidade sede dos jogos Paralímpicos 2024

Esta não é a primeira vez que Gabrilli trabalha nesse tipo de intercâmbio. Em 2013, convidada pela Prefeitura de Londres, Mara participou da sétima edição do Fit Cities, evento promovido com os Conselhos das Olimpíadas de Londres e que debateu os projetos arquitetônicos e urbanísticos que foram realizados na cidade para sediar os jogos em 2012.

Em 2016, quando o Brasil sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a cidade do Rio de Janeiro passou por transformações em áreas para além do esporte, como infraestrutura, serviços e transporte. Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas mostrou que o impacto do legado para o crescimento econômico da cidade foi de R$ 99 bilhões sobre produção bruta e de R$ 51,2 bilhões sobre o PIB.

Por enquanto, tanto no Rio, quanto em Londres e Paris, o maior legado que os jogos paralímpicos deixaram foi na mudança cultural e no respeito pelos talentos e capacidades das pessoas com deficiência. “Nosso maior desafio continua sendo a acessibilidade das cidades, das calçadas e do transporte público. Nenhuma cidade sede dos jogos conseguiu deixar esse legado de modo pleno, 100% acessível para todos seus cidadãos e essa é a minha maior luta”, afirmou a senadora.

Paradesporto como política pública

Convidada por Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), para acompanhar a cerimônia de abertura do Jogos, Gabrilli atua há anos para fortalecer o paradesporto no país. A aprovação da LBI, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.146/2015) é um exemplo bem-sucedido desse trabalho. O texto, relatado por ela quando ainda era deputada federal, garantiu, entre outras coisas, acessibilidade nos estádios e ginásios, assim como o incentivo da prática do paradesporto nas escolas para crianças e jovens.

Outra conquista significativa foi a alteração realizada na Lei Pelé para aumentar o repasse da arrecadação bruta da loteria federal de 2% para 2,7% aos Comitês Olímpico e Paralímpico. A mudança foi responsável por equilibrar a balança quanto aos recursos destinados ao esporte paralímpico. Anteriormente, era 85% para o COB e apenas 15% para o CPB. Com a LBI, os recursos para o Comitê Paralímpico Brasileiro saltaram mais que o dobro: 37%.

O resultado do investimento fica claro quando se olha para a performance dos paratletas brasileiros, que começaram a despontar entre os melhores do mundo. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, o Brasil bateu recordes de medalhas e fez a sua melhor campanha, com 72 medalhas no total: 22 medalhas de ouro, 20 de prata e 30 de bronze, o que garantiu a 7ª colocação no quadro geral.

“Os atletas brasileiros chegam muito bem, após um ciclo difícil e mais curto, foram só três anos desde a última edição dos Jogos Paralímpicos, em Tóquio, em vez dos quatro anos tradicionais, e isso faz muita diferença para quem está no altíssimo rendimento, como eles. Mas estamos bem e estamos fortes. Felizes pela chegada dos Jogos Paralímpicos e esperançosos de que ao final desta jornada teremos feito o nosso melhor”, afirmou Mizael.

Tetraplégica há três décadas, Gabrilli não só legisla pela causa, como também é fundadora de uma organização do Terceiro Setor que apoia o paradesporto. Nesta edição das Paralímpiadas, o projeto Próximo Passo do Instituto Mara Gabrilli (IMG) está levando quatro atletas para a competição em Paris. “Muito feliz e orgulhosa por saber que temos quatro mulheres do IMG representando nosso país e também fortalecendo a bandeira da equidade de gênero. A delegação brasileira é composta por um quadro de atletas onde quase metade é mulher. É o esporte mostrando todo o seu potencial de transformação social”.

De acordo com o CPB, esta é a edição de Jogos Paralímpicos com a maior delegação brasileira em Jogos fora do Brasil, com 280 atletas no total. São 255 com deficiência, 19 atletas-guia (18 para o atletismo e 1 para o triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo.

 

Publicado em Categorias Notícias