Mara Gabrilli questiona Ministro dos Esportes e sai confiante com futuro de Laís Souza

Após questionar o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, sobre o futuro da atleta olímpica Laís Souza, durante audiência na comissão de Esportes, a deputada Mara Gabrilli saiu otimista com o que ouviu.

O evento, realizado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (15/4), havia sido requerida por Mara e pelos deputados Romário (PSB-RJ) e Rubens Bueno (PPS-PR).

 

“Eu acabo me vendo muito na pele da Laís, pois posso imaginar o que uma lesão medular causa de mudança de percurso na vida de uma pessoa. Além da incapacidade de movimentos, ainda tem toda a questão do custo de vida, do custo da reabilitação, numa situação ela precisa de uma cuidadora 24 horas por dia, por que ela não mexe os braços, assim como eu. É uma situação em que você acaba tendo que pagar para as tarefas do dia a dia, como fazer xixi ou comer. Eu sei que a Laís está em uma situação em que o COB, hoje, mantém o começo do tratamento dela de uma forma exemplar, e eu sei que ela tem muita gratidão por isso. Mas sei também que ela tem muitas incertezas, muita insegurança, muita preocupação com o futuro”, afirmou.

Mara discorreu sobre a carreira vitoriosa da atleta, que conquistou uma série de medalhas como ginasta olímpica e desde 2013 vinha treinando como esquiadora para as olimpíadas de inverno, quando sofreu o acidente que a deixou tetraplégica. “Desde os 4 anos de idade essa menina treina. E desde 2001, integrada à equipe de ginastas, serve ao país. Como cidadã brasileira, a Laís tem direito à aposentadoria por invalidez, a uma aposentadoria por acidente de trabalho, e a uma reabilitação oferecida por tempo indeterminado pelo SUS. É preciso que o governo entenda que é preciso salvaguardar esses direitos”, afirmou Gabrilli.

A parlamentar também criticou a falta de ação do governo, que até agora não demonstrou preocupação em assegurar um futuro com qualidade de vida para a ginasta. “Mais de uma vez a Laís voltou do exterior nos trazendo medalhas e foi orgulho para todos nós brasileiros. Se tivesse voltado com mais uma medalha, muitos de nós e muitos do governo brasileiro estariam aqui tirando foto com ela, com orgulho dela ser brasileira. E agora? O que vamos fazer por ela?”, indagou a deputada, cercada por outros parlamentares e de frente para o Ministro.

No final da audiência, Mara fez um novo apelo para sensibilizar o ministro e receber o comprometimento de que ele vai atuar no caso. “A reabilitação dela está sendo muito bem feita, lá em Miami. Mas ela vive uma insegurança terrível. Ela não cursou uma faculdade; a família dela não tem recursos. Ela conta com o Brasil. Eu queria sua ajuda e o seu comprometimento de que não vamos deixá-la na mão. Em dois ou três meses o COB irá interromper esse processo de custear a reabilitação da Laís. Quem vai liderar esse processo? Como o Brasil vai recompensá-la por todo esforço e dedicação que ela trouxe ao país? A Laís trabalhava e se dedicava exclusivamente ao Brasil. Eu peço a sua ajuda, senhor Ministro, para me ajudar a encontrar as formas de como podemos ajudá-la”.

Mara também sugeriu uma revisão na legislação para assegurar garantias aos atletas olímpicos brasileiros. “Temos que investir na mudança da lei, mas isso se dará em longo prazo. No caso da Laís, precisamos de soluções para daqui a dois meses”.

Uma das possibilidades cogitadas para trazer mais segurança aos atletas é alterar a Lei Pelé, que hoje prevê a obrigação, por parte das entidades de práticas desportivas, da contratação de seguros de risco de vida e acidentes pessoais a atletas profissionais, com o objetivo de cobrir esses riscos. No entanto, isso só é válido somente para jogadores de futebol. “Por que não estender isso para outros atletas que representam nosso país?”, questionou a deputada.

Ao final da audiência, Aldo Rebelo disse se solidarizar com Laís Souza e com a luta da Mara. “Eu vou me certificar do que vai acontecer quando esse tratamento intensivo dela terminar. Vou me encontrar com o Nuzman (Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro) na quarta-feira e vou pedir que a gente faça um relatório, diante da atual legislação existente no país, o que é possível fazer para proteger a Laís, e o que é possível fazer caso algum dispositivo legal precise ser alterado para que essa proteção seja feita”. O ministro deixou o local prometendo que em breve irá enviar novas informações para a deputada.

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